1 de dez. de 2009

Alcoolismo


Eu já falei nesse espaço sobre o problemas das drogas, sob título "Aos brasileiros". Foi um alerta, um tipo de grito mudo, em uma tentativa de mostrar, o que é esse mundo que tantos escondem, por baixo dos tapetes das suas casas, junto com todo o lixo.
E o por quê, essa bagaça tem que ficar escondida ? Tem que ser escancarada, não da forma que se coloca na novela (geralmente global das 20:00 ou 21:00 ),fantasiosa, mentirosa. Ninguém quer assumir; Sou alcoolista ou sou alcoólatra ou ainda tem alguém alcoolista/alcoólatra na minha família Ninguém quer ser ajudado, melhor, até querem mas para ter a ajuda, tem que se expor, e é ai onde o caldo intorna.
É muito melhor dizer, bebo socialmente, só bebi uma só... mentiras para si mesmo, é o que fazemos de melhor. Nos estamos acostumados com piadinhas do tipo:"ninguém faz amizade bebendo gatorade..." *sem graça*, a apologia ao consumismo do álcool tá por ae a fora, são carnavais fora de época (nada contra), vaquejadas, bregas e etc., e os ocasionais vão tornando-se aos poucos consumidores fiéis e por fim, químico dependentes do álcool
Para um pouco, e colocar o contra-ponto da "vergonha" que é a coragem de enfrentar o problema, é a primeira janela aberta para sair desse caos.
O alcoolismo, é uma forma de punição ansiosa, que por alguns momentos, horas ou dias, anestesia àquela angustia, alivia a alma penada dos seus pesos normais da vida. Essa forma de matar-se, lenta e progressiva que deteriora não só o físico, mas delapida as relações econômicas e sócio-afetivas, levando cada vez a vida a meros escombros, assustadores ruínas sob uma carcaça frágil e tremula.
Beber não é ruim (muito menos eu posso dizer isso), mas o alcoolismo é uma doença física e social, conheço pessoas que bebem litros e litros de cachaça e são alcoólatras outras que bebem litros de cerveja e são alcoólatras, outras que bebem metanol e são alcoólatras, outras que não bebem nada e são alcoólatras.

Peço aos que vivenciam esse problema, não escondam por baixo do tapete, o diálogo é a melhor saída, e o quanto antes melhor. A vida é o nosso maior bem, cuida dele é poder cuidar do outro também.

27 de nov. de 2009

Aprender a partilhar...


Saindo um pouco do juridiquês, e adentrando em algo mais efêmero, ligado as relações humanas implícitas e intrincecas. Partilhar o aprender. O aprender é um processo que inicia-se, no momento do nascimento, temos que aprender como se respira, e olhe que é bem dolorido, depois temos que aprender quem é a nossa mãe e o que danado é aquilo que, colocam na nossa boca que sai um liquido branco, que mata a nossa fome e sede (aquilo é o seio materno), que nos primeiros meses de vida, ainda não aprendemos que, por trás daquele peito, esta a nossa mãe. Depois temos que aprender quem é o nosso pai, e por vai, e vai, e vai... Mas todo esse aprendizado é fundamentado na partilha, não conseguimos fazer absolutamente nada sozinhos, e quem diz que o faz, esta mentindo. Até para mentir, tem que partilhar a mentira com outra pessoa... Estava eu hoje conversando com uma amiga de sala de aula, sobre um momento de partilha, e essa conversa, sucitou esse texto. Mas sobre falava-se? Falava-se sobre, como uma pessoa pode aprender com o gesto de partilhar. A partilha iniciou com uma simples,explicação, sobre assuntos que logo mais, iriamos nos submeter a uma prova. Passamos coisa de 1 1/2 h reunidos, tagarelando sobre os temas em pauta, e percebi no silêncio de alguns, a vontade, o desejo verdadeiro de poder partilhar àquele momento, não porque não estudaram, mas por que queriam aprender a partilhar o pouco que sabiam indivivualmente, e poder transformar o pouco em muito, conhecimento verdadeiro, daqueles que não se esquecem nunca (como mãe, agente nunca esquece). O que não se vai esquecer, não é o assunto estudado, esse o próprio tempo se encarrega de levar para o limbo, o aprendizado real, foi o desejo e a harmonia daquelas pessoas que ali estavam, criando forças da partilha. Não estamos para ensinar, mas sempre para aprender... e o outro é sempre uma fonte de oportunidade ricas e singulares... Cada um que se fez presente, presentiou ao outro com o ensinamento da PARTILHA.

A Partilha e o prendizado, convergem sempre de fora para o centro, cinergeticamente, criando uma força motriz única, me faz até lembrar os três mosqueteiros (que eram quatro), um por todos e todos por um.

Agradeço a todos por me permitirem a realização de aprender a partilhar.


Igualdade Material


Conceito de Igualdade Material

O princípio da igualdade tem por destinatário, como se percebe, o legislador, que, em sua tarefa regulada constitucionalmente, não deve afastar-se do tratamento isonômico.

Todavia, a igualdade há de subordinar-se às diferenças existentes entre os destinatários da norma, o que leva à conclusão da inexistência da igualdade absoluta, que, caso configurada, criaria situações de absoluta desigualdade. Esse entendimento confirma que ao princípio da igualdade deve ser incluído o conceito de proporcionalidade.

O entendimento da igualdade material, deve ser o de tratamento eqüânime e uniformizado de todos os seres humanos, bem como a sua equiparação no que diz respeito à possibilidades de concessão de oportunidades. Portanto, de acordo com o que se entende por igualdade material, as oportunidades, as chances devem ser oferecidas de forma igualitária para todos os cidadãos, na busca pela apropriação dos bens da cultura.

A igualdade material teria por finalidade a busca pela equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o jurídico, podendo-se afirmar: "Todos os homens, no que diz respeito ao gozo e fruição de direitos, assim como à sujeição a deveres".

Mesmo sendo humanitária, idealista e desejável essa igualdade, parece-me que nunca se concretizou em uma sociedade humana. Além do mais, o nosso País prima pela extremação de desigualdade material, basta atermo-nos para a realidade a nossa volta.

Na nossa Constituição Federal de 1988, podemos encontrar vários textos que estabelecem normas programáticas que visam nivelar e diminuir as desigualdades reinantes. Exemplos de tais normas: art. 3º; art. 170 e incisos que tratam da ordem econômica e social; art. 7º que tratam da questão salarial...; art. 205 que trata da democratização do ensino.

A instauração da igualdade material é um princípio programático, contido em nosso Direito Constitucional, o qual, como vimos, se manifesta através de numerosas normas constitucionais positivas, que em princípio, são dotadas de todas as suas características formais.

Observamos, então, que a Constituição Federal vigente, em vários enunciados, preconiza o nivelamento das desigualdades materiais, entretanto, a observação das desigualdades sócio-econômicas no mundo fático, nos mostram que o princípio constitucional e as normas que procuram diminuir as desigualdades materiais, são impunemente desrespeitadas. Portanto, os preceitos que visam estabelecer a igualdade material, primam pela inefetividade ou ineficácia; e como exemplo podemos citar as leis que nos últimos anos têm estipulado os salários mínimos, que desrespeitam o preceituado no art.7º, IV da CF/88.

Ensina Bandeira de Melo (2004, p. 101) que, “Em rigor, o princípio da proporcionalidade não é senão faceta do princípio da razoabilidade [...], que pode surdir e entremostrar-se sob esta feição de desproporcionalidade do ato, salientando-se, destarte, a possibilidade de correção judicial arrimada neste fundamento”.

Ensina ainda o ilustre professor Bandeira de Melo, ao comentar o princípio da razoabilidade, e referir-se a certa margem de liberdade (margem de discrição) ao administrador público, que “significa que lhe deferiu o encargo de adotar, ante a diversidade de situações a serem enfrentadas, a providência mais adequada a cada qual delas”. A assertiva esposa a idéia de justiça. Então, não deve, pois, o administrador agir sem essa limitação.

Dessa lição de Bandeira de Melo ainda se confirma a necessidade de avaliar-se mais adequadamente expressões contidas no texto constitucional, p.ex., “sempre que possível” (ar.145, parágrafo primeiro), quanto à pessoalidade na instituição de imposto e a capacidade econômica (contributiva) do contribuinte.

Com boa razão, encontra-se no texto do Código de Processo Civil (art. 125, I) a limitação em exame, pois há determinação que compete ao juiz, na direção do processo, “assegurar às partes igualdade de tratamento”. Ocorre, no entanto, que a garantia proposta tratar-se de compromisso formal. Há de buscar-se, ao contrário, a igualdade material, ou seja, a efetivação dessa igualdade exigida.

O processo, dessa forma, deve ser dotado de meios para promover a igualdade entre as partes.

Nessa linha de pensamento, ensina Bedaque (2001, p. 98) que, “Um deles, sem dúvida, é a previsão de que o juiz participe efetivamente da produção da prova. Com tal atitude poderá evitar ele que eventuais desigualdades econômicas repercutam no resultado do processo. Essa interferência do magistrado não afeta de modo algum a liberdade das partes. [...] A real igualdade das partes no processo constitui valor a ser observado sempre, ainda que possa conflitar com outro princípio processual. [...] a ausência de iniciativa probatória pelo juiz corresponde a alguém assistir passivamente a um duelo entre o lobo e o cordeiro”.

Ainda sob amparo nas lições do ilustre jurista Bandeira de Melo (O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade, 3ª. Ed., 10ª. Tir., pp. 37-38) as discriminações são admissíveis quando se verifique uma correlação lógica entre o fator de discrímen e a desequiparação procedida e que esta seja conforme aos interesses prestigiados pela Constituição.

Não se deve olvidar que na exegese sistemática do texto constitucional predomina o princípio isonômico na relação entre as partes, com ênfase na proteção da igualdade material.

Há de concorrer, por outro lado, certos requisitos para que não se agrida o princípio da isonomia: 1) que a discriminação não atinja de modo atual e absoluto um só indivíduo; 2) que o fator de desigualação consista num traço diferencial residente nas pessoas ou situações, vale dizer, que não lhe seja alheio; 3) que exista um nexo lógico entre o fator de discrímen e a discriminação legal estabelecida em razão dele; e 4) que, no caso concreto, tal vínculo de correlação seja pertinente em função dos interesses constitucionalmente protegidos, visando ao bem público, à luz do texto constitucional.

Ensina Eros Roberto Grau (O direito posto e o direito pressuposto. 5ª. ed.,2003, p. 70-71) que “Os princípios jurídicos, princípios de direito, não são resgatados fora do ordenamento jurídico, porém descobertos no seu interior”. (Grifo do autor).

Assevera o professor Eros Grau (cit., p. 112), ao afirmar a importância dos princípios que, “as possibilidades de realização de justiça material hão de residir – ou não residir – no próprio direito, em seus princípios; não se as pode buscar além dele, em valorações abstratas, subjetivas”.

A igualdade, desde a sua entronização no momento liberal, alcançava concreção exclusivamente no nível formal. Cuidava-se de uma igualdade à moda do porco de Orwell (1951, p. 114), no bojo da qual havia – como há – os “iguais” e os “mais iguais”, ou as palavras atribuídas aos leões (Aristóteles (1982., p. 231), quando as lebres se dirigiram à assembléia dos animais, reclamando a igualdade para todos: “Onde estão suas garras e seus dentes?” Ou será, ainda, verdadeira a assertiva de Adam Smith de que do “governo”, o verdadeiro fim é defender os ricos contra os pobres.

Não se pode, porém, demonstrar apenas qualquer diferença: gosto, cor, etc. para se chegar à conclusão que, em razão das diferenças existentes um tratamento desigual será permitido ou que pelo menos na aparência não parece arbitrário. (KLAUS TIPKE, 2002, 55) . Na Teoria das Maças e das Pêras, de K.H. Friaut, citado por Tipke (cit., p. 55), aquele, ironicamente, conforme Tipke, assevera: “Maçãs não são pêras, portanto eu posso tratar maçãs no Direito de modo distinto, posso tributá-las distintamente das pêras!”. Este exemplo configura, como já afirmado, que não será qualquer diferença. Ademais, como afirma Sérgio Sérvulo (2004., p. 98) “Como a natureza e a sociedade humana não são fixas, não há critérios fixos de diferenciação. O que era, no clã, princípio de diferenciação, na sociedade de castas passa a ser considerado fator de discriminação”.

Daí por diante, os conceitos variam conforme a sociedade em que se encontra o indivíduo. E ainda no dizer de Sérgio Sérvulo (cit., pp. 104-105), “O princípio da isonomia encontra adequada expressão naquilo que John Rawls designa como os dois princípios da justiça política: ‘(a) Toda pessoa tem um direito igual a um sistema plenamente adequado de liberdades fundamentais iguais que seja compatível com um sistema similar de liberdades para todos; b) As desigualdades sociais e econômicas devem satisfazer duas condições: a primeira é que devem estar vinculadas a posições e cargos abertos a todos, em condições de igualdade eqüitativa de oportunidades; e a segunda é que devem redundar no maior benefício possível para os membros menos privilegiados da sociedade.’”

Assinala Tipke que, “O princípio da igualdade é norma de conteúdo indeterminado. Ao enunciar que devemos tratar igualmente os iguais e os desiguais desigualmente, na medida de sus desigualdades, o princípio não determina nem as realidades a serem comparadas, nem seu critério de comparação”. (Grifo do autor). Porém, mesmo que o princípio da igualdade seja norma indeterminada, no dizer de Tipke, isto não significa que seu conteúdo seja indeterminável. Destarte, é incontroverso que a igualdade supõe a comparabilidade e a diversidade ao mesmo tempo, sendo por certo, sempre relativa.

Destarte, deve-se perseguir a real extensão do princípio no contexto de seu exame. Mais das vezes, o estudo literal conduz à interpretação literal, vale dizer, investigação meramente formal, o que faz igualar os desiguais. O que se pretende esquadrinhar é a igualdade real, isto é, a razão material.

20 de nov. de 2009

Anencefália



Uma História Severina (2004)

Um documentário baseado na luta de Severina, que tem uma gravidez anencéfala e do seu martírio em busca de uma solução para a sua angústia.
Uma odisseia de 7 meses, vividos por Severina e seu marido, uma verdadeira peregrinação, entre o poder judiciário, hospitais, ongs de direitos da mulher, sendo tratada como um objeto, sorrisos vazios e por que não dizer sem nenhuma dignidade. Ter que ver a serenidade dela, gravida de 7 meses, onde a criança no seu ventre sem vida. Devido há uma má formação genética, o feto foi formado sem o cérebro.
Na anencefalia, o defeito começa a se desenvolver no inicio da vida intra-uterina, a palavra que significa “sem encéfalo” sendo encéfalo o conjunto de órgãos do sistema nervoso central contidos na caixa craniana, enfim o que falta é o cérebro com seus hemisférios e o cerebelo.
Ela a mãe, foi amparada por medidas legais que garantissem o abortamento do feto, só que, no nosso ordenamento legal, é expressamente proibido o aborto, salvo no caso de estupro e de eminente risco da gestante. O pleito chegou até a nossa mais alta corte, e no STF, podemos ver discussões acaloradas, pro é contra a interrupção da gravidez de Severina.
Agora, o documentário tem momentos importantes para mim, é o momento que o ministro César Peluso, diz: “ ...O sofrimento não é condição de perda da dignidade humana...”, ele se coloca nesse momento, como o Deus do antigo testamento, colocando-se acima do BEM e do MAL, sem o mínimo de bom senso para olhar, para aquela mãe, que tem o seu filho no ventre, sem nenhuma expectativa de vida, e se “lixando” para a perda substancial na vida daquela Severina.
Um outro momento, é quando ela esta comprando uma roupinha, a vendedora sorridente, chega até a mãe, para oferecer roupinhas para recém nascidos, e escuta dela, é só isso mesmo, que ele não vai viver, podemos ver a expressão da vendedora “desmoronar” imediatamente e a cena é cortada.
A última cena marcante, é quando o médico explica para ela que, não tem anestesistas para fazerem uma peridural ou raquiana, para aliviar a dor do parto, e ela passa por mais de 40 horas em trabalho de parto, andando pelos corredores, sentido não a dor da vida, mas sentindo toda a dor da morte do filho ainda não nascido. E uma vez nascido podemos ver toda a angústia sendo posta para fora, em um choro pelo filho perdido.
Se nós somos ditos pessoas de bem, temos agora que questionar todos os nossos pontos de vista, paradigmas, conceitos e principalmente quem colocamos lá no poder, pois, são esses cristais duros que chamamos de regras legais e morais, que levam tantos ao sofrimento impar sem a menor benevolência. Aonde esta a nossa humanidade ? Nos bolsos, no chão, na latrina ? Ela esta em qual quer lugar, menos onde deveria estar, dentro de nós.

18 de nov. de 2009

O Caso dos Exploradores de Cavernas


A obra original foi escrita em inglês por Leon L. Fuller e foi traduzida para o português por Plauto Faraco de Azevedo. O livro conta o deslinde de um caso que ocorreu na Suprema Corte de Newgarth. Trata-se de quatro exploradores de cavernas, membros da Sociedade Espeleológica (Organização Amadora), que adentram numa caverna localizada em Commonwealth e lá ficaram presos. É este fato que inicia o drama da história. Após dias sem água e alimento, o desespero chega a seu ápice quando Roger Whetmore sugere que um deles seja sacrificado em prol dos demais. Apesar da apreensão, o grupo concorda em matar um colega e comê-lo para que não sucumbam diante dessa adversidade. Tiraram a sorte e assim foi feito. Roger Whetmore foi morto por quatro colegas. Os sobreviventes conseguem sair da reclusão graças aos esforços da equipe de resgate, mas logo foram indiciados por assassinato. Foram condenados em primeiro grau, resultando em recurso de apelação que será objeto da análise exposta a seguir.

Foster, J: Aborda a questão de que 10 vidas foram usadas para salvar 4 (grupo), por que não 1 (Roger) para 4? Há no livro um fato curioso, qual seja: alguns trabalhadores da equipe de resgate perderam suas vidas tentando resgatar o grupo dos explorados de cavernas, mas estes morreram em vão, visto que os apreciados com a salvação foram condenados diante de um processo judicial e morreram executados na forca.

Também afirma que matar em legitima defesa é escusável, apesar do texto legal não falar expressamente isso. Deve ler-se nas entrelinhas da lei.

O juiz se baseia na premissa do direito civil versus direito natural para tentar inocentar os réus. Essa questão do direito natural é motivo de grandes divergências doutrinárias ao longo dos tempos devido seu nível de complexidade. Mas, o argumento usado pelo operador do direito é fantasioso e não consegue impugnar a sentença de primeiro grau.

Questiona-se, por que não utilizam do feito como última opção? Ainda, por que não esperaram um destes morrer, seja por desnutrição ou doença, para que após esse evento se utilizassem de tal expediente? Observados esses questionamentos e as ressalvas anteriores pode se concluir que o caso em questão deve mesmo ser regulado por leis do direito civil.

O juiz considera os réus inocentes do crime de homicídio e por isso opina pela reforma da sentença de condenação. Tatting, J: Em seus argumentos, evidencia-se um legalismo exacerbado e forte apego à letra fria da lei. O juiz atual deve balancear entre o formalismo legal e as causas sociais usando como meio a sua interpretação sobre o processo, como Estado-juiz entre as partes litigantes. Portanto, não basta a aplicação da letra da lei, mas também que esta seja interpretada pelo juiz que hoje tem a faculdade de participar ativamente do processo. Dizer que o juiz é a boca inanimada da lei não subsiste atualmente.

O juiz absteve-se de julgar e alegou em sua defesa que não havia jurisprudência sobre esse assunto. Desculpa!

O art. 126, CPC, dispõe: O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.

Keen, J: Confirma a sentença, julgando contra a absolvição dos réus. Afirma que a solução para o caso concreto é a clemência executiva que dá perdão aos réus que já sofreram o suficiente. Logo, ele joga a responsabilidade para o Poder Executivo. É o caso de deixar de lado os conceitos de bom ou mau, justo ou injusto.

Esse juiz julga de forma intelectiva e não volitiva. Conforme fls. 41 ... como juiz, jurei aplicar não minhas concepções de moralidade, mas o direito deste país. Digo eu, que é muito difícil separar suas convicções pessoais e o julgamento judicial. A imparcialidade do juiz é princípio norteador, contudo é um mito.

Handy, J: Julga os réus inocentes e é a favor da reforma da sentença. É bem objetivo, opina por decidir, finalmente, o que fazer em relação aos réus, ditar qual pena é cabível, ou seja, dizer a moral da história. Handy teme a opinião dos outros juízes quando afirma que a opinião pública é relevante e que ela converge para inocência, pois para alguns estudiosos do direito, ela é emocional e caprichosa.

O recurso de apelação resultou num empate dos juízes porque um deles se eximiu do dever de sentenciar. Aqui é mister se reiterar que isto é um absurdo! Além disso, como conseqüência do empate, os réus foram condenados com a pena de morte na forca em total descumprimento ao princípio do in dúbio pro réu.

Posto isso, restam algumas considerações finais sobre a análise geral deste livro.

A obra é constituída pela narrativa de um caso jurídico verídico que ocorreu na Idade Média, Idade das Trevas e também das penas cruéis. O escopo dessa leitura é fazer com que os operadores jurídicos e as demais pessoas que tenham acesso à obra façam uma crítica ao modo como foi realizado o processo e a aplicação da respectiva pena, tendo em vista, o contexto da Constituição de 1988 que trouxe o princípio da dignidade da pessoa humana, a despatrimonização do Novo Código Civil e a regra do in dúbio pro réu que serve de diretriz para o Direito Penal.

Faz-se necessário ressaltar que ao se realizar reflexão sobre o livro pode-se acreditar que se o caso em questão fosse julgado, nos dias de hoje, provavelmente os réus teriam sido absolvidos da acusação com base no estado de necessidade exculpante (exclui a culpabilidade) com fundamento na inexigibilidade de conduta diversa. Embora no Brasil tenha vigência a teoria unitária, onde o estado de necessidade exclui a antijuridicidade, não há nenhuma restrição na lei que proíba tal feito. Além disso não teria ocorrido empate da decisão, pois os julgadores são sempre em número ímpar, propositadamente, e ainda, o juiz não poderia se eximir do dever de julgar conforme o CPC.

1 de nov. de 2009

Cabala



O estudo da Cabala interessa aos maçons – somos arquitetos especulativos e, como tais, podemos encontrar no estudo cabalístico elementos que completam nossa formação iniciática. Mas ao iniciarmos um estudo sobre esse fascinante tema, é preciso, logo de inicio, aprender a separar o joio do trigo, se quisermos, verdadeiramente, mergulhar no coração da Cabala.

Ler e pesquisar são fatores importantes, é a primeira etapa; mas será sobre tudo pela meditação que emergirão “insigths” profundos ou lampejos intuitivos dos níveis superiores da consciência.

Várias obras compõem a Cabala, mas reconhece-se o Sepher Yezirah (O Livro da Criação) e o Zoahr (O Livro do Esplendor) como os mais importantes. Esses dois tratados de elevada metafísica apontam a senda que poderá nos harmonizar com as camadas profundas da Psique. Essa senda permitirá ao buscador sincero uma apreciação do Ser Divino por meio das emanações numéricas da Luz. Acredita-se que isto constitui a essência do pensamento cabalístico.

A temática fundamental da Cabala é Deus, a natureza e o homem ou seja: Ontologia (a natureza do Ser), Cosmologia (Origem do Universo), Teologia (a natureza de Deus), Antropologia (estudo da história natural do homem) e princípios exotéricos superiores.

O Sepher Yezirah revela como “Yah o Senhor dos exércitos, o Deus vivo, Rei do Universo, Onipotente, de Suprema Bondade e Misericórdia, supremo e Exaltado, que é Eterno, Sublime e Santíssimo, ordenou (formou) e criou o Universo em 32 caminhos misteriosos de sabedoria por três sepharim”... esses caminhos são compostos pelas 10 sephiroth e as 22 letras do alfabeto hebreu.

Na maçonaria, as sephiroth estão representadas pelas luzes e oficiais sendo que o venerável, o orador e o secretário correspondem à Sagrada Trindade Superior. As sete demais, chamadas sephiroth de construção, formam o mundo inferior e correspondem às sete letras duplas do referido alfabeto, aos seis dias da criação mais o dia do repouso.

Essas sete sephiroth estão também representadas na maçonaria pelos oficiais situados no Ocidente do Templo. No entender dos iniciados, seriam apenas com essas sete sephiroth ou níveis de consciência que o homem encarnado poderia manter contato por meio de ascensão celestial... enquanto encarnado em um corpo físico.

Vistas de outra perspectiva, as sephiroth formam quatro mundos: Atziluth, o mundo arquétipo (Kether, chockmah e binah); Briah, o mundo criativo (Chesed, geburah, e tipheret); Yezirah, o mundo formativo (Netzach, hod e yesod) e por ultimo, Assiah, mundo da ação (malkuth). Tais mundos estariam relacionados com as quatro letras do Divino Nome (YHVH) e com os quatro aspectos do homem celestial ou os quatro Adãos: O Adão Kadmon, o homem arquétipo; o Adão do primeiro capítulo do Gênesis, o Adão formado do pó da terra e o Adão posterior à Queda.

As sephiroth foram também associadas às Ordens Angélicas da Hierarquia Celestial ou Corpo Celeste de governantes Secretos, apresentadas nos escritos de Dionísio, o Areopagita, do seguinte modo: Kether, serafins; chockmah, querubins; binah,tronos; chesed, dominações; geburah, virtudes;tiphereth, potestades; netzach, principados; hod, arcanjos; yesod, anjos e malkuth, regente.

O Zohar focaliza a Cabala em quatro aspectos: a Cabala Prática (magia talismânica e cerimonial); a Cabala Literal (gematria, natiricon e temurah); a Cabala Tradicional (tradição oral) e a Cabala dogmática (metafísica).

Ao lermos essas ou outras obras da Literatura Sagrada é importante ter em mente que os iniciados empregaram a linguagem simbólica devido à impossibilidade de descrever o indescritível. Daí, a história de Adão, de Enoque, de Lúcifer, da Escada de Jacó, da Jerusalém Celeste, do véu de Isis, dos sete selos do Apocalipse, da Parábola do filho pródigo etc. Dante ao escrever suas visões dos mundos interiores, na Divina Comédia, sentiu sérias dificuldades, por isso recorreu ao simbolismo hermético a fim de transmitir às futuras gerações, sua incrível experiência da Consciência Cósmica ou Iluminação

Pesquisadores sérios como Agrippa, Franck, Rosenroth e outros relacionaram os 32 caminhos da Cabala com os 32 pares de nervos que existiriam no corpo humano.

O avanço da ciência vem favorecendo a uma visão holística das antigas tradições. Assim, expressões como árvore da vida, árvore do conhecimento, sephiroth etc. vem sendo associadas aos chakras, aos centros psíquicos e aos diversos gânglios. Em outras palavras, há dois sistemas nervoso: o sistema nervoso autônomo (árvore da vida) e o sistema nervoso espinal (árvore do conhecimento). O primeiro transmite consciência psíquica e, o segundo, energia motora às diversas partes do corpo. Assim como as sephiroth compõem o Adão Kadmon, os sistemas nervosos autônomos e espinal com seus gânglios parassimpáticos e simpáticos compõem o homem. Do mesmo modo que as sephiroth que estão localizadas nos “dois pilares colossais” da esquerda e da direita, são respectivamente positivo e negativo, o sistema nervoso autônomo é duplo: o lado esquerdo do corpo possui polaridade negativa e o da direita, polaridade positiva. Esses dois sistemas nervosos regulam as atividades conscientes e inconscientes permitindo a ação da mente objetiva e da mente subconsciente. O intercambio entre os vários aspectos do ser permite que a vida e a consciência se manifestem.

Na maçonaria, o sinal de ordem de alguns graus são indicadores da localização dos centros psíquicos que guardam relação com a Cabala. Quando estamos “de pé e a ordem”, estaremos, na verdade, energizando o centro com ele relacionado. O sinal de aprendiz ativa o centro localizado na tireóide; o de companheiro, o centro do coração e o sinal de mestre maçom, o plexo solar.

Outros centros receberam especial atenção dos iniciados: a glândula pineal (o terceiro olho). Vista como um portal entre a mente objetiva do homem e a Mente Divina de Deus. Na maçonaria, a pineal está representada pelo “Olho Que Tudo Vê”, colocado justamente no Oriente (o Delta Sagrado).

A glândula hipófise é outro centro importante e é significativo que ela se divida em anterior e posterior, sendo a primeira mais ativa no homem e a segunda na mulher. O Zohar afirma que “quando o Venerável Espírito (Kether), assumiu uma expressão, tudo criou forma de macho e fêmea”... Talvez haja profunda relação entre os três sepharim mencionados no Sepher Yezirah e as glândulas pineal (Kether), hipófise anterior (chokmah) e hipófise posterior (binah).

Outro elo da ciência que comprovou os dados da Tradição é a Psicologia Analítica de C.G. Jung. Não poderia ser diferente uma vez que Jung se inspirou na Alquimia para desenvolver sua Psicologia Profunda. Os vários arquétipos (persona, sombra, anima, animus, Si-Mesmo etc.) que povoam o Inconsciente Coletivo, correspondem às sephiroth cabalísticas. Ele adverte, inclusive sobre os graves perigos de mergulhar a consciência no Mundo do Inconsciente Coletivo. Suas obras são indicadas para aqueles que desejarem compreender os arcanos da maçonaria e inúmeros outros mistérios do homem.

Esperamos ter deixado claro que os níveis sapienciais da Cabala são conhecidos pelo eu interior. É fácil compreendermos essa afirmação, se nos reportarmos ao Mundo das Idéias de Platão; para o filosofo grego, o conhecimento foi adquirido, anteriormente, no Mundo da Idéias Gerais.

O Sepher Yezirah encerra, misteriosamente, sua revelação citando o versículo 5 do Capitulo I de Jeremias: “Antes que no seio fosse formado, eu já te conhecia”... Alusão a uma realidade tetradimensional que existia antes de se projetar ao nosso espaço tridimensional?

Para refletir:

“E Deus, o Rei fiel, reina em tudo de Sua Santa Morada para toda a eternidade. Ele é um acima de três; três está acima de sete; sete está acima de doze e todos estão unidos”... Sepher Yezirah

“Quando Deus criou a forma superior do homem, usou-a como uma carruagem e nela desceu para se tornar conhecido pelo nome de YHVH, com seus atributos e para ser compreendido por cada um deles em particular”.

Zohar

“Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”.

Santo Agostinho

“Compreenda essa grande sabedoria, entenda este conhecimento, investigue-o e pondere a seu respeito, torne-o evidente e reconduza o Criador a seu trono”.

Sepher Yezirah

29 de set. de 2009

A educação na C.F. de 88

A educação é a ferramenta adequada que, nos fornece o sentido da construção ou fabricação dos meios e instrumentos necessários à sobrevivência da própria sociedade. Produção material de bens, serviços e tecnologia, produção cultural de arte e ciência, produção intelectual de idéias, pensamentos, símbolos e signos, entre outras formas possíveis de produção. Tornando o acesso a educação, algo plausível a todos, independentemente de casta social ou poder aquisitivo.

O art. 205 da nossa constituição federal, nos diz o seguinte: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”, sendo ainda acrescida de outras duas leis ordinárias, que nesse momento não irei me deter a elas. É nesse ponto, onde o legislador procura colocar a educação, como um dos parâmetros preponderantes dos direitos fundamentais. Fazendo-nos ver a importância da educação como fator de inclusão sócio-econômica, e que a responsabilidade sobre a educação deve e tem dividida entre todos, desde o estado até a família

Sabendo-se que, sem a educação o cidadão não evolui e por consequência a nação, a observância deste art., trás a luz da sociedade e dos detentores do poder que, faz-se necessário a integração de todos, para a efetivação desse preceito, “...exercício da cidadania...”. Uma vez que existe a ampliação do papel do estado de fomentar a educação e da sociedade de fiscalizar essa educação, que esta sendo oferecida. Por ser uma norma constitucional, a sua não execução, pode levar o administrador e os pais a sofrerem sanções do poder judiciário diante a negativa de sua efetivação, a julgar pela lei de responsabilidade fiscal (parte do estado) e pelo ECA (parte da família).

Sendo o Brasil, ainda uma nação de analfabetos e analfabetos funcionais, temos que olhar para a educação, com a devida importância que ela representa na nossa sociedade. A educação é uma ferramenta de inclusão social, capaz de alavancar mudanças significativas no homem e na sociedade, sendo ainda pouco o que a exigência do referido art. 205 pode fazer, tendo o artigo em questão que amparar-se em outros dispositivos legais de forma a complementar-se, para a sua efetivação.

Como tema, foi escolhido a Educação, que esta elencado no capítulo III, seção I da nossa constituição federal, neste capitulo encontramos os diplomas legais, que vão dispor sobre a Educação, Cultura e Desporto, de forma que, sejam aplicados e que diminuam as disparidades existentes no nosso Brasil. A Educação, torna-se um tema complexo, pois, não é de competência da união dar a educação, mas sim de fomento, a obrigatoriedade é dos estados e dos municípios, podendo ainda esta mesma educação poder ser oferecida por particulares. E torna-se mais sensível, quando olhamos pelo viés, de quem é o responsável pela transmissão da educação. Os professores, são a real mola dessa engrenagem, e neste capítulo, vamos também encontrar dispositivos como a Lei 9.424, que dispõe sobre o fundo de manutenção e desenvolvimento e de valorização do magistério, sem uma formação adequada o professor torna-se incapaz de transmitir a mensagem ao aluno.

A inserção ao mercado de trabalho, deve-se passar por uma capacitação técnica e intelectual, tornando-se no seio da sociedade uma pessoa analfabeta ou semi-analfabeta, impossível a sua inserção nesse mercado. O instituto deste dispositivo legal, vem para, lembrar aos mandatários e sociedade como um todo, de que, sem a educação, não vamos ter um avanço tecnológico e social como também, vamos ter uma população imensa de excluídos, desempregados e porque não dizer, uma população de pessoas marginais. Situação esta, encontrada nos grandes centros urbanos. O Brasil tem hoje, algo em torno de 16 milhões de analfabetos, podemos acrescer a esse número outros 16 milhões de semi-analfabetos, teremos algo em torno de 32 milhões de pessoas, marginalizadas, vivendo sem poder interagir com o mundo objetal de forma adequada.

A falta de educação, traz um movimento em cascata com enormes prejuízos para todos. A não inserção no mercado formal de trabalho, o sub-emprego, desemprego, não participação da sociedade, exclusão politica e toda (má) sorte de flagelo que a falta de educação trás. A linha da miséria esta diretamente ligada a falta da educação, vejam, os bolsões de pobreza extrema existentes ao nosso redor.

O art. 205, enseja a responsabilidade compartilhada, entre o estado e a sociedade, quando a Constituição diz que a sociedade promoverá a educação é porque também, à maneira do Poder Público, as coletividades podem ofertar o serviço educacional à comunidade. Quando diz o legislador que a sociedade incentivará a educação abre a possibilidade de apoio da mesma às iniciativas do Estado. A sociedade, aqui, decerto, é potencialmente a sociedade civil organizada, representada, por exemplo, pelos sindicatos, igrejas, Ongs, entre outros.

Outro ponto a assinalar no art. 205 refere-se aos grandes objetivos da Educação Nacional. A capacidade de mudar a situação de excluído para cidadão(â) ativa na sociedade, com a aprendizagens capazes de inclusão sócio-econômica, capacitando para o mercado de trabalho e na elaboração de um novo contrato social.

Em resumo, podemos destacar como grandes finalidades da educação: o desenvolvimento da pessoa, ou, simplesmente o desenvolvimento humano (saber ser), seu preparo para o exercício da cidadania (saber viver em comunidade) e qualificação para o trabalho (saber agir ou fazer no mundo do trabalho).

Quis o constituinte de forma direta a participação do estado, da sociedade civil e da família trazê-los todos para todos ao mesmo patamar de responsabilidade sobre a educação. Trazendo a baila o debate permanente do tema, e levando-o a ter relevância primaria, visto que, postou a educação como um direito fundamental, coisa que poucas nações no mundo o fizeram, mas que entendem a necessidade de uma educação de qualidade, quando legislou leis ordinárias que complementam os arts. 205 até o 214 da nossa carta magna.

Com a inclusão de uma educação de qualidade, vamos ter as desigualdades minimizadas e uma maior inclusão social, uma melhoria substancial da qualidade de vida de emprego e renda, além de uma maior e melhor compreensão social e politica da sociedade.

Como toda e qual quer dispositivo legal, os artigos 205 até o 214, tratam em especial a educação como sendo algo previsto em lei, mas não trazem no seu bojo a questão da qualidade da referida educação. No art. 205, trata de “...direito de todos e dever do Estado e da família... , permitindo-se a livre interpretação que, a educação deve ser de modo inclusiva e massificante, devendo a escola e a própria pedagogia adequar-se ao aluno (não como a pedagogia de Paulo Freire), fazendo desta forma, o alinhamento por baixo da qualidade do ensino. Esse ensino quer seja fundamental, médio ou superior. É de péssima qualidade, são alunos que saem do ensino fundamental, sem saber fazer uma leitura de um texto simples, fazer as quatro operações matemáticas, alunos de nível médio que são incapazes de fazer uma analise crítica de um livro ou mesmo uma síntese qual quer, universitários pobres de linguagem e despolitizados.

Como esta disposto na forma de interpretação da lei, a educação de forma massificante é a criação de uma enorme classe de “cultos chucros”, aqueles que possuem diplomas, mas não possuem discernimento, pensamento crítico acerca de nada, são reprodutores do que aprenderam, não são criadores de novos conceitos e novos paradigmas.

O presente tem por objetivo primário de: Demonstrar a preocupação em potencial do nosso constituinte em ter que elencar, a educação como um dos aspectos dos direitos e garantias fundamentais do ser humano, e que em especial no seu art. 205, traz em seu bojo, a obrigatoriedade do estado, da sociedade civil organizada e da família, na construção da educação de forma abrangente. E em segundo lugar: A necessidade de termos a visão crítica dessas mesmas leis, e na sua aplicabilidade no mundo real.

28 de ago. de 2009

O que é crime nesse Brasil ?


Além de um fenômeno social, o crime é na realidade, um episódio na vida de um indivíduo. Não podendo portanto, ser dele destacado e isolado, nem mesmo ser estudado em laboratório ou reproduzido. Não se apresenta no mundo do dia-a-dia como apenas um conceito, único, imutável, estático no tempo e no espaço. Ou seja: "cada crime tem a sua história, a sua individualidade; não há dois que possam ser reputados perfeitamente iguais." Evidentemente, cada conduta criminosa faz nascer para as vítimas, resultados que jamais serão esquecidos, pois delimitou-se no espaço a marca de uma agressão, seja ela de que tipo for (moral; patrimonial; física; etc...).

Mas é essa uma das prováveis definições do que venha a ser crime, mas falando de Brasil o que é crime mesmo ?

Fazendo uma pequena pausa no que é crime, vou falar no que não é crime: Fazer e/ou deixar de fazer algo, sob a égide da lei, isso não é crime, ter uma vida proba e virtuosa isso não é crime, ter em dia o pagamento dos seus impostos e contratos privados isso não é crime, obter, guardar e manter dados em atribuição da função laboral isso não é crime. Então o não crime é ter uma conduta típica, positiva e respeitosa em uma sociedade organizada (dããã, vão dizer que descobri a pólvora).O crime é em si mesmo, um fato típico, que vai de encontro há um ordenamento social-costumeiro-juridico. Mas crime no Brasil, só é crime mesmo, se for alguém furtando uma galinha ou um saco de leite em pó no mercado. Perceberam que somente os menos favorecidos são criminosos. Abarrotando as cadeias publicas, presidios e casas de detenção. Crime é também, a "bestialização" que os mandatários do poder fazem com os menos favorecidos, permitindo que eles sejam utilizados como, palanque eleitoreiro, com a fome, miséria, sede e todo um flagelo de doenças que por ventura existam. Crime é para (P.P.A. - 'Preto';'pobre';'analfabeto').Para criminalizar um pobre basta ter: a mínima prova indiciária para privá-lo de sua liberdade ou de seus parcos recursos financeiros. A circunstância torna-se a mãe de todas as provas.Ontem tivemos na nossa augusta suprema corte - STF (diga-se de passagem, sou fã de alguns dos ministros que lá estão), a sessão para admissibilidade de processo contra o ex Minist. Palocci e outros, onde, as denuncias contra ele foram, arquivadas e outro que à época era assessor de imprensa dele e apenas um dos arrolados na pronuncia foi aceito. Vamos aos fatos!Não existe na realidade, nada escrito;gravado;filmado, de que Palocci ordenou, pediu, coagiu, etc e tal, que o extrato do Pobre, fosse a ele entregue e a posteriori divulgado a imprensa, não existe (de novo) nada escrito;gravado;filmado que o assessor de imprensa entregou o extrato à imprensa, só restou um, e esse um, deu depoimento a PF (também sou fã da PF), afirmando que foi ele que ordenou e emissão do referido extrato do POBRE. Quem comenteu o crime ? Quem pediu o extrado, violando a privacidade do POBRE, isso é óbvio! Mas quem poderia ser favorecido com a divulgação de tal informação ? Palocci. Quem iria ficar desacreditado com a divulgação da informação? O POBRE! Quem ficou exposto publicamente ? O POBRE! Mas qual o crime que Francenildo Costa cometeu? Nenhum. Ele teve a sua vida achincalhada, vasculhada por causa de culios, acertos e maracutaias politicas, e que diga-se de passagem, esta até hoje DESEMPREGADO. O cidadão Francenildo Costa arcou e continua arcando com o ônus, de denunciar poderosos.Onde esta o convencimento da materialidade, dos indícios de autoria e/ou participação do Sr. Palocci ? Para mim, estes estão claros e que bastariam para dar início ao processo criminal dele, no crime de QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO do Sr. Francenildo Costa, que seria Palocci o único beneficiário em DESACREDITAR o caseiro, em depoimento no Congresso. Francenildo que de testemunha passou a ser suspeito de "lavagem de dinheiro", porra que é isso ( desculpem-me, é que não consigo ser tão impessoal) ? É só POBRE que toma na cabeça nesse Brasil ?! É sim, lembram do motorista de COLLOR ?!

Crime no Brasil é ser POBRE!

22 de ago. de 2009

O MAL VIVER NO CONSUMISMO



John Watson, o pioneiro do behaviorismo, e que mais tarde abandonou a carreira universitária para ser um bem sucedido publicitário, afirmou certa vez que se lhe dessem alguns bebês ele os transformaria em advogados, pessoas famosas, pedintes ou ladrões, pois poderia condicioná-los da maneira que quisesse. De fato, nem todos se dão conta do quanto são manipulados e condicionados pelos meios de comunicação social, particularmente a TV. Com a propaganda, o telespectador pode ser levado a consumir inúmeros produtos. Somos condicionados a uma vida voltada ao consumo e à satisfação básica de nossa animalidade: comer, beber; vestir, ter luxo e conforto etc.
A TV equivale a uma vitrine, não só pela gama de produtos de consumo que oferece, mas em especial enquanto meio de controle ideológico por parte de grupos econômicos e do próprio governo representativo da elite dominante. Fazendo inadvertidamente o jogo dessa ideologia, os pais percebem-se como bons ou amorosos com seus filhos ao procurar dar-lhes tudo materialmente.

As pessoas de parcos recursos financeiros, evidentemente, igualmente são solicitadas a consumir. E não podendo fazê-lo, embora estimuladas pelo jogo ideológico, sentem-se falidas ou desvalorizadas, tanto no que se refere à sua capacidade de consumo quanto ao desejo de possuir. Nesses casos, qualquer objeto que sugira ou dê um mínimo prazer é visto como indispensável.
As crianças e os jovens são os alvos preferidos na criação de novas necessidades pela mídia. Incapazes de entender o significado da TV e o propósito da propaganda, passam a desejar tudo o que lhes é apresentado, crescendo assim hipersensíveis ao prazer. É o que Lorenz denomina de neofilia: afinidade irresistível com tudo o que aparece como novidade resultante da doutrinação das massas.
Segundo CHAUI (1982, pp. 82, 83 e 113), ideologia é o conjunto lógico e sistemático de idéias, valores e normas de conduta que indicam aos indivíduos o que e corno pensar, agir, sentir e valorizar, O objetivo da ideologia é fornecer aos membros da sociedade uma justificativa para as diferenças ali existentes, sem nunca referir serem elas resultantes da divisão da sociedade em classes. E também a forma pela qual as idéias da classe dominante podem tornar-se ou parecer universais, naturais e verdadeiras para rodas as classes. A ori­gem da ideologia está na própria divisão da sociedade em classes contraditórias, a partir das divisões na esfera da produção.
A neofilia é a patologia social de nosso tempo. Nem é preciso detalhar nossa sensação quando entramos em um hipermercado. Somos condicionados a tornarmo-nos dependentes, ou seja, adictos a um considerável número de produtos.

Temos assim, em nosso meio, dependentes de roupas, livros, sapatos, aparelhos eletrônicos, comida, bebida... A rigor, segundo os desejos dos magnatas da produção.
Vivemos na sociedade em que o valor prioritário é ter posse de coisas, objetos e pessoas.

O indivíduo é classificado pela marca de sua roupa, pelo cargo que ocupa, o carro que possui, o tipo de trabalho que desempenha ou a quantidade de pessoas as quais dirige. Ter é ser tornou-se o valor da sociedade de consumo. E se não podemos, de imediato, ter algo desejado, já que a ideologia do consumo em nada facilita o aprendizado da espera e do adiamento de ganhos, seus patrocinadores nos oferecem esse algo em “suaves prestações”.
Dessa maneira, os objetos têm um “valor” maior do que o humano. O homem é valorizado pelo que possui e, por isso, corre o risco de, nessa sedução, transformar-se em um ser -coisificado. Para se identificar com o seu meio, ele precisa, cada vez mais, ter. Caso não se pos­sa ter, há o risco até de se querer tirar de quem tem. Isso acaba ocor­rendo com pessoas de todas as classes sociais, solitárias e ensimesmadas, desejosas ou apegadas a objetos como forma de esconder suas crises, ou seja, vivendo em alienação. Em seu mundo interno, estão distantes de si mesmas e, quanto ao mundo externo, ausentes de sua realidade social.
As favelas que compoem os grandes centros urbanos constituem um dos mais evidentes paradoxos de nossa época. Num barraco sem as mínimas condições dignas de moradia, serão provavelmente encontrados, por exemplo, aparelho de TV, vídeo, fogão a gás, geladeira e liquidificador entre outros eletrodomésticos. Não que sejamos contrários a moradores de favelas possuírem tais objetos; questionamos, isso sim, o fato de boa parte dessas pessoas não dispor, em seu barraco, de leite ou frutas para liquidificar, ou alimentos na geladeira para diminuir a fome. Que sociedade é essa que estimula e condiciona o consumo e na qual a aparência de ter algo importa mais do que o conteúdo?
Nisso tudo, contam mesmo as aparências. Quando os eixos produção, criação de novas necessidades pela mídia e consumo são absorvidos na sociedade como valores absolutos, eles estão longe de atender a aspirações mais humanas. Tudo converge para os aspectos materiais, do ter, do possuir, enfim, das aparências. As relações de afeto são substituídas, então, por mera troca de objetos ou ganhos, e o relacionamento entre pessoas acaba materializado. Como resultado, emergem duas condições de vida em sociedade: a superproteção e o abandono. Na primeira está presente a riqueza material; na segunda, a pobreza e a exclusão. Mas em qualquer desses extremos o indivíduo pode estar mergulhado na miséria humana, manifestada em duas intenções básicas do consumismo doentio: a gula e a inveja. Ambas retroalimentando o universo ideológico do consumir e do competir.

Aos brasileiros


Um grave e palpitante problema afeta o coração de todos os brasileiros e esta preocupando, como merece, o espírito dos depositários do poder publico.
Referindo-me as Drogas e violência, as implacáveis madrastras dos filhos da nossa nação, impiedosas destruidoras das esperanças e energias de milhares de irmãos nossos; ao flagelo horrível que de tempos próximos vem dizimando vidas, exterminando fortunas, arrasando propriedades, devastando, desbaratando famílias, acabando com a felicidade dos lares e anemiando fontes poderosíssimas de vitalidade e de progresso do país.
Eis um dos pontos para onde deve convergir a nossa vistas; eis um dos misteres a que nos compete aplicar a nossa inteligência e boa vontade, com muito mais vantagem para a pátria do que poderá produzir tanta energia, tanto entusiasmo gasto na verdadeira mania de segurança pública que lavra o Brasil inteiro.
Não quero fazer crítica de opiniões e não precisamos frisar a importância social e econômica para o futuro do grande país que nossos filhos, decorrente da extinção dessas investidas cruéis da droga e violência, afetando toda o grande organismo chamado Brasil.
Não será necessário estudar os prejuízos de trabalhos, inteligências, de opiniões variadissimas que tem ocasionado esse flagelo terrível; não é mister chamar às vistas para o que poderiam esses milhares de homens caídos impiedosamente sob os golpes fatais das drogas e violência.
Não; basta-nos falar ao coração, basta-nos vibrar as cordas sensíveis da alma humana, mostrando-lhes as desventuras sem par destes irmãos brasileiros.
É principalmente aos irmãos brasileirosns que me dirijo, porque a nós, que guardamos sob a cúpula brilhante de nossos templos por tantos séculos, de ações gloriosas, de feitos extraordinários de altruísmo e bondade, não se pode passar despercebida nenhuma das grandes dores humanas, e, ao apelo soluçante do desgraçado, devemos ser solícitos, procurando com a nossa solidariedade moral, auxilio extremado de nossa inteligência e com o máximo do nosso poder material minorar-lhes o sofrimento, senão extinguindo a causa dolorosa que produz, eliminado-o de uma vez.
Dependem muito dos nossos poderes públicos as medidas profícuas atinentes à remoção das fontes produtora de tão terríveis calamidades; porém ao governo cabe a assistência meramente material, competindo a todos que teem no peito um coração e no cérebro uma fagulha radiante de inteligência, essa que mais vale, que é mais necessária aos que sofrem e que tira a sua razão de ser, sublime e delicadas as regras primordiais da fraternidade humana, consubstanciando-se num dos mais belos atos que ao homem é dado a praticar: - A caridade.
Não é justo, não é digno, não é humano que, milhares de criaturas se extorcem na ancia lancinante das drogas e violência cruéis, debatem-se no pélago asfixiante da miséria humana impiedosa, nós, que não somos feras, que por uma mercê paternal de Deus vemo-nos agasalhados e saciados – os filhos pequeninos e a esposa adorada - , não sintamos de horror estremecer o coração e não procuremos pressurosos atenuar o sofrimento desses infelizes, levando-lhes apenas falácias.
Brasileiros, secundemos, ou melhor, adiantemos os esforços administrativos; aprecemos-nos, e enquanto não chegam as providencias gerais; - as que vão procurar evitar para os futuros males que o presente impõe, - o óbolo delicado, fecundo que minore a rispidez da sorte dos desaventurados e lhes de alento e esperança para aguardar a vinda de novos e menos torturantes dias.
Não nos cabe criticar ou sequer conjecturar as medidas projetadas, pois nos falecem conhecimentos técnicos especiais: nosso fim é todo de animar a execução dessas medidas pressantes, urgentemente necessárias, para que não se diga ainda que, no século da informação, morre-se e morre-se centenas pelo Brasil, feraz e rico pelas drogas e violência.
O nosso fim é levantar o espírito de fraternidade e solidariedade e solidificar o elo, que deve ser forte e que liga os homens numa família única seja qual for o ponto da terra que os vio nascer.
O nosso fim é todo de amor: é pregar a caridade e fazer vivo, à luz da razão e do sentimento, o dever que cabe aos preferidos da fortuna de olhar para a alheia desventura e, sequer do que é supérfluo tenha, tirar o que é nimiamente necessário ao pobre desgraçado, derramando-lhe sobre o lar infeliz, como uma doce benção de luz e de
carinho, a afago que consola o corpo e a esperança que consola a alma.
Brasileiros unamo-nos na cruzada do bem e, aos contemporâneos, justiçando o nosso passado glorioso, e aos prósperos, desnudando os nossos corações sensíveis, provemos a alta e sublime função social e filantrópica, que nos congrega na vida para a felicidade e para o aperfeiçoamento das comunhões humanas.
Trabalhemos pela palavra, doutrinemos, evangelizemos pelas ações,-palavras e ações- que serão porvir as gemas preciosas e raras a nos decorar o diadema de virtudes que nos circundará a fonte; palavras e ações que serão na posteridade o nosso maior padrão de glória e o fanal deslumbrante e nos clarear o caminho condutor aos nossos mais santos, mais elevados e dignificadores ideais.



Cezar Souza
Recife; 19/04/2005

18 de ago. de 2009

"As vantagens da sociedade devem ser igualmente repartidas entre todos os seus membros."



Fiz uma leitura do livro "Dos delitos e das Penas" de, Beccaria.Cesare, que na sua introdução obtive o seguinte entendimento, que passo a compartilhar.

Beccaria inicia com uma tentativa de mostrar, que o homem a partir do momento que se organiza em sociedade, passa a ter uma necessidade criação de leis, que não sejam as leis naturais, e tais leis deveriam ser universais e plurais, mas vê-se que não são. Essas novas leis “perversas”, vêem a perpetuar a tendência, de apenas uma minoria possuir número os privilégios, o poder e a felicidade, para só deixar à maioria miséria e fraqueza.

E depois de ter vivenciado vários erros mais essenciais (vida e liberdade) e depois de expiações, abrem os olhos as verdades mais óbvias que, por sua simplicidade, que escapam ao cidadão médio, que estão apenas acostumados à apenas reproduzir o que lhe é imposto de cima para baixo.

Levanta ainda que, as leis deveriam “pactos de homens livres”, e no cerne, não passam de meros instrumentos do ego de alguns, ou de uma necessidade urgente, e não de um estudo aprofundado, sobre o agir do homem na sociedade (Inflação de leis), que as leis deveriam ser da seguinte forma; "As vantagens da sociedade devem ser igualmente repartidas entre todos os seus membros."

Beccaria diz ainda que o poder legal “era” depositado em déspotas e tiranos, que visavam apenas o terror como prática comum, aplicada sempre aos menos favorecidos, e esses eram submetidos as mais diversas formas tortura, encarcerados, julgados e punidos por “crimes sem provas ou quiméricos” (crime impossível). Para impedir isso só com boas leis. Mas, de normalmente, os homens abandonam a leis provisórias e à prudência do momento o cuidado de regular os negócios mais importantes, quando não os confiam à discrição daqueles mesmos cujo interesse é oporem-se às melhores instituições e às leis mais sábias. Toda lei que não for estabelecida sobre a base moralista encontrará sempre uma resistência à qual acabará cedendo.

A primeira conseqüência desses princípios é que, só as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer leis penais não pode residir senão na pessoa do legislador, que representa toda a sociedade unida por um contrato social. A segunda conseqüência é que o soberano, que representa a própria sociedade, só pode fazer leis gerais, às quais todos devem submeter-se inclusive ele mesmo; não lhe compete, porém, julgar se alguém violou essas leis. Em terceiro lugar, mesmo que a atrocidade das mesmas não fosse reprovada pela filosofia, mãe das virtudes benéficas e, por essa razão, esclarecida, que prefere governar homens felizes e livres a dominar covardemente um rebanho de tímidos escravos; mesmo que os castigos cruéis não se opusessem diretamente ao bem público e ao fim que se lhes atribui, o de impedir os crimes bastará provar que essa crueldade é inútil, para que deva considerá-la como odiosa, revoltante, contrária a toda justiça e à própria natureza do contrato social.

O que é moral ?


O que vem a ser a moral ? Posso começar com essa pergunta e provavelmente vou obter, tantas respostas, quantas são as pessoas aqui nessa assembléia.

O que é Imoral ? E o que é Amoral ? A pergunta do que vem a ser imoral, é exatamente o contrário do conceito de moral, e Amoral é a negação, mas também pode-se dizer, “aquele que não tem senso de moral”.

Sempre que se fala em moral, temos uma série de apontamentos voltados para estes ou aqueles hábitos, costumes os mais diversos. Há relações de coisas que dizem respeito à vida individual, com destaque para aconselhamentos sobre como comportar-se sexualmente, não fumar, não beber, não participar desse ou daquele festejo...

Mas será que as virtudes morais ou vícios morais, se resumem a apenas isso ? Se sim, a nossa vida enquanto encarnados, seria deveras simplória.

Jesus Cristo, não se preocupou com esses comportamentos, ele tratou os vícios da alma daqueles que encontravam-se a sua volta e o próprio budismo ( apesar de não crer num ser divino) tem princípios semelhantes.

No "Livro dos Espíritos", no Capítulo "Da perfeição moral", também não são estas questões que foram priorizadas - ali se fala de vício em termos de apego aos bens materiais, caracteriza-se o egoísmo com o maior dos vícios e destaca-se o amor ao próximo como a maior virtude.

Já em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", há o apontamento de que A Verdadeira Moral é a Lei do Amor.

Não estaremos nós fomentando a formação de novos fariseus? Jesus, que se adiantou a todos os compêndios psicológicos que viriam no correr dos tempos, chamou atenção para o fato de quem busca tirar o argueiro do olho do outro é o mesmo que se esquece de tirar a trava que está no seu.

Que coisa mais profunda! Jesus falava de Projeção, fenômeno psicológico no qual a pessoa esconde-se de si mesma na visão condenatória do outro.

Outro fenômeno psicológico muito comum no ser humano é o processo de fuga. Ele consiste no desvio da atenção de algo essencial para algo secundário. É uma forma de a pessoa enganar a si mesma. Deixa de fazer o essencial, que se lhe afigura muito difícil. E envolve-se no secundário como uma fixação.

Já analisamos como é difícil de vivenciar a Verdadeira Moral? Isso começa pelo próprio lar, onde nos defrontamos com sintonias e distonias. E buscar uma convivência harmoniosa mais constante nem sempre tem a abertura necessária.

Na pergunta 903 ( L.E.), tem uma pergunta muito pertinente aos nossos dias, “Há culpa em estudar os defeitos dos outros? E a resposta é bastante clara: “Se é para fazer a crítica ‘apontar o dedo para o outro’ e divulgar, existe sim a culpa, pois é faltar com a caridade.”E nos a diverte que, antes de cometermos a falta de caridade para com o outro, veja se nós mesmos não possuímos tais defeitos, mas não basta só falar “verborragia”, para ser melhor que o outro, pois isso seria tão pernicioso quanto o simples fato de apontar o dedo.

E aquele que torna-se “virtuoso” aos olhos dos Homens, pensando que vai ter uma existência melhor quando voltar ao mundo dos espíritos ? A resposta é! Depende: Se ele esta fazendo isso com a intenção de trocar a vida virtuosa na Terra por um “lote” na frente de Deus ou em uma colônia mais “bonitinha”, esta se enganando, pois a prática da virtude, deve ser acima de tudo, praticada com desinteresse.

No trânsito, no relacionamento com estranhos, na própria casa espírita, como vão nossas vivências de fraternidade? Quantos de nós paramos para praticar a escuta do nosso irmão? A prática da escuta dos familiares? Sem o olhar de crítica ou de censura!

Ah! E os chamados, considerados ou mesmo declarados inimigos? Eis aqui a prova de fogo. Há em nós um pensamento, um sentimento sincero de abertura para a não exaltação de nossas mágoas, no mínimo? Sim, porque falar de perdão e perdão incondicional... bom... se já nos saímos bem nessa, então é praticamente certo que praticamos a Moral Espírita...

Mas, se ainda estamos muito fixados na preocupação com determinadas listinhas de "bom comportamento", então está aceso o sinal amarelo, quem sabe o vermelho...

Deixo a pergunta para que vocês respondam: Queremos fuga ou transformações estruturais em nosso ser?

28 de jan. de 2009

CRISE


Crise !!!!!! Que P... de palavrinha é essa que assusta a tantos, banqueiros, bancários, empresários e empregados, pessoas normais e pessoas pseudo-normais ?



- moral: luta interior entre dois sentimentos;
- ministerial: espaço de tempo entre a queda de um ministério e a constituição de outro que lhe sucede.


Essa(s) é (são) a(s) definição(ções) gramaticais para a referida palavrinha.

Mas o danado é que ninguém ou quase ninguém, se permite ao trabalho (poucos gostam de trabalho) de perceber, o real significado da CRISE.

As mulheres agora vão me entender. A palavra crise trás dentro de si, a transformação, transmutação, mudança (coisa que os homens, não sabem fazer), o seu âmago, é a oportunidade de criar, inovar, re-inventar tudo, inclusive a si mesmo.

Foi em uma crise, que o mundo foi criado, foi em uma crise que a fé foi estabelecida, o próprio nascimento é uma crise ou várias crises.

-- A KRÍSIS é libertária.

A nossa história pessoal é pautada sobre ela, e nem damos a ela os devidos créditos dos louros conquistados, só creditamos a ela as derrotas.

Imaginem uma vida sem crise, seria igualzinho ao deserto salino de Bonneville, paisagem branca, inóspita e estéril.

Volto a minha afirmação, a palavra crise tinha que ser s.f., pois, ensina que somos diferentes de tudo, que a nossa capacidade de criar,inventar e etc, esta muito além do que podemos imaginar, os seres mais extraordinários que habitam a face da terra, são do género feminino, vamos com a crise, aprender a conhecer as nossas potencialidades e não VIVER em CRISE, mas EXPERIENCIAR a CRISE e assim CRESCER!!!!

20 de jan. de 2009


Tem horas que as palavras fogem a mão, as palavras fogem da inspiração, e eu que já escrevi
sobre a inspiração, sobre a felicidade e sobre o sorriso. Hoje encontro-me, sem palavras e sem inspiração, e o porque será? Cá estou eu a me perguntar...
Será porque as pessoas estão ficando cada vez, mais retraídas dentro dos seus mundinhos, egoístas, incapazes de fazer os outros serem importantes, será porque as pessoas estão cada vez mais rancorosos, será que isso tudo, é capaz de contaminar à terceiros ? Tem uma música em inglês: I´m alive - Electric light Orchestra 1980 (Xanadu), já escrevi sobre esse lugar (linda mitologia), mas vamos a sua letra e tradução:

"I'm alive - and the world shines for me today
I'm alive - suddenly I am here today
Seems like forever (and a day), thought I could never (feel thisway)
Is this really me? I'm alive, I'm alive
I'm alive - and the dawn breaks across the sky
I'm alive - and the sun rises up so high
Lost in another world (far away), never another word (tilltoday)
But what can I say? I'm alive, I'm alive, I'm alive
(Instrumental break)
Suddenly came the dawn (from the night), suddenly I was born(into light)
How can it be real? I'm alive, I'm alive, I'm alive
I'm alive - and the world shines for me today
I'm alive - suddenly I am here today
Seems like forever (and a day), thought I could never (feel thisway)
Is this really me? I'm alive, I'm alive, I'm alive
I'm alive, I'm alive, I'm alive, I'm alive
",

hora de traduzir...

"Estou vivo - e em todo o mundo brilha para mim hoje
Estou vivo - de repente estou aqui hoje
Parece que para sempre (e um dia), pensei que eu jamais poderia (se sentem thisway)

É realmente eu? Estou vivo, estou vivo

Estou vivo - e rompe o amanhecer no céu

Estou vivo - eo sol sobe tão alto?

Perdido em um outro mundo (longe), nunca uma outra palavra

Mas o que posso dizer? Estou vivo, estou vivo, estou vivo

De repente, veio o amanhecer (da noite), de repente eu nasci (em luz)
Como pode ser real? Estou vivo, estou vivo, estou vivo

Estou vivo - e em todo o mundo brilha para mim hoje
Estou vivo - de repente estou aqui hoje

Parece que para sempre (e um dia), pensei que eu jamais poderia

É realmente eu? Estou vivo, estou vivo, estou vivo
Estou vivo, estou vivo, estou vivo, estou vivo"



Essa música do início dos anos 80', representa um pensamento de viver, mas não de viver sozinho, o que quase sempre é inevitável.
Pro isso adiciono, a essa música um outro esto meu...
Atrevimento de um aprendiz, aprendiz da vida que estou vivo...


A existência de Deus

Um atrevimento de aprendiz

Para entendermos e aceitarmos a existência de Deus, a vida nos ensina com aprendiz que o Ente Supremo nos dotou de inteligência, a qual nos faz discernir o bem do mal, bem como de uma sã moral que propícia a formação do caráter do homem, tanto sob o ponto de vista social como individual.

Confirmando essa verdade podemos verificar que mesmo as mais torpes criaturas, quando desrespeitam esses princípios o fazem de forma velada e sorrateira, conscientes do fato de estarem desrespeitando princípios imutáveis e inalienáveis da raça humana que os mesmos fingem ignorar ou até mesmo afirmam a sua inexistência..

A meu ver, podemos buscar em Hipolite Leon Denizard Rivail, , nascido em LION, na França, em 3 de outubro de 1.804, e conhecido do mundo todo, quando no dia 18 de abril de 1857, sob o pseudônimo de ALLAN KARDEC, lançou o seu “Livro dos Espíritos”, base da moderna doutrina Espírita; de onde retiro respostas bastante claras, concretas e objetivas a respeito do entendimento e aceitação da existência de Deus:

1ª – O que é Deus?

---- Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

2ª – O que se deve entender por infinito?

---- Aquilo que não tem começo e nem fim; o desconhecido; todo o desconhecido é infinito.

3ª – Poderíamos dizer que Deus é infinito?

---- Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir as coisas que estão acima de sua inteligência. Deus é infinito nas suas perfeições, mas o infinito é uma abstração; dizer que Deus é infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda não conhecida, por outra coisa que também não o é.

4ª – Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

---- Num axioma que aplicais às vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo que não é obra do homem e vossa razão vos responderá.

A raça humana, desde os seus primórdios, tem por comodismo e até para facilitar o seu próprio entendimento, colocar Deus Pai, criador dos céus e da terra como uma de suas criaturas, com a ilusão de que, com isso, serem iguais ao Criador, e não criados à sua imagem e semelhança em seu potencial e capacidade de aprendizagem e julgamento, bem como de livre arbítrio na escolha das decisões a serem tomadas e do caminho a ser seguido.

Acredito, dentro do conhecimento e das informações às quais me foi possível ter acesso e pelo meu entendimento das mesmas, que a existência de Deus possa ser assim explicada:

Deus, o Principio Criador, o Pai, o Verbo, criou o Universo, mas não um Universo simplista e tridimensional, onde a raça humana seja sua obra máxima.

Criou sim, mas um Universo multi dimensional ou multi frequencial, onde, mesmo na dimensão que nos situamos, podemos não ser e provavelmente não somos mais do que seres microscópicos de um macro Universo infinitamente maior e onde o que chamamos de galáxias possam ser apenas células, ou mesmo átomos da escala seguinte deste Universo em que vivemos e que palidamente conseguimos imaginar.

Chamamos o Universo de infinito e nem conseguimos definir corretamente o termo, uma vez que a nossa tendência é a de defini-lo e aceita-lo apenas tridimensionalmente.

Embora reconheçamos a verticalização do Universo para o microcosmo não admitimos sequer projetar essa mesma verticalização para o macrocosmo, pois nos auto denominamos a obra máxima do Criador e nos consideramos criados à sua imagem e semelhança, colocando-nos, simples criaturas à imagem e perfeição do Criador.


“Deus, o Ente supremo ou ser infinito, é a causa de todas as causas e de todos os efeitos. Dele tudo emana. Nele tudo está. O Universo é um produto emanado do Divino, que se manifesta em milhões de formas diferenciadas. O Universo é, ainda, distinto de Deus, assim como um efeito é distinto de sua causa; mas o Universo não está separado da Divindade, sua causa, pois não é um efeito transitório. O Universo é Deus manifestado aos homens.”



A felicidade, esta na busca do livre direito de escolher as suas escolhas, traçar os seus caminhos. Volto agora ao ponto inicial. Estamos buscando a felicidade, em todos os cantos do mundo, nos quatro mares e não a encontramos, pois ela deve ser procurada, do laod de dentro e não do lado de fora. Será a tristesa a utópia e a felicidade uma outra ilusão. Eu acredito que não, basta também, você acreditar nisso...


Sei que mais uma vez, me expressei de forma complexa, e que deve-se ler da seguinte forma, libertar a felicidade, é libertar o cristo existente dentro de nós.