22 de ago. de 2009

Aos brasileiros


Um grave e palpitante problema afeta o coração de todos os brasileiros e esta preocupando, como merece, o espírito dos depositários do poder publico.
Referindo-me as Drogas e violência, as implacáveis madrastras dos filhos da nossa nação, impiedosas destruidoras das esperanças e energias de milhares de irmãos nossos; ao flagelo horrível que de tempos próximos vem dizimando vidas, exterminando fortunas, arrasando propriedades, devastando, desbaratando famílias, acabando com a felicidade dos lares e anemiando fontes poderosíssimas de vitalidade e de progresso do país.
Eis um dos pontos para onde deve convergir a nossa vistas; eis um dos misteres a que nos compete aplicar a nossa inteligência e boa vontade, com muito mais vantagem para a pátria do que poderá produzir tanta energia, tanto entusiasmo gasto na verdadeira mania de segurança pública que lavra o Brasil inteiro.
Não quero fazer crítica de opiniões e não precisamos frisar a importância social e econômica para o futuro do grande país que nossos filhos, decorrente da extinção dessas investidas cruéis da droga e violência, afetando toda o grande organismo chamado Brasil.
Não será necessário estudar os prejuízos de trabalhos, inteligências, de opiniões variadissimas que tem ocasionado esse flagelo terrível; não é mister chamar às vistas para o que poderiam esses milhares de homens caídos impiedosamente sob os golpes fatais das drogas e violência.
Não; basta-nos falar ao coração, basta-nos vibrar as cordas sensíveis da alma humana, mostrando-lhes as desventuras sem par destes irmãos brasileiros.
É principalmente aos irmãos brasileirosns que me dirijo, porque a nós, que guardamos sob a cúpula brilhante de nossos templos por tantos séculos, de ações gloriosas, de feitos extraordinários de altruísmo e bondade, não se pode passar despercebida nenhuma das grandes dores humanas, e, ao apelo soluçante do desgraçado, devemos ser solícitos, procurando com a nossa solidariedade moral, auxilio extremado de nossa inteligência e com o máximo do nosso poder material minorar-lhes o sofrimento, senão extinguindo a causa dolorosa que produz, eliminado-o de uma vez.
Dependem muito dos nossos poderes públicos as medidas profícuas atinentes à remoção das fontes produtora de tão terríveis calamidades; porém ao governo cabe a assistência meramente material, competindo a todos que teem no peito um coração e no cérebro uma fagulha radiante de inteligência, essa que mais vale, que é mais necessária aos que sofrem e que tira a sua razão de ser, sublime e delicadas as regras primordiais da fraternidade humana, consubstanciando-se num dos mais belos atos que ao homem é dado a praticar: - A caridade.
Não é justo, não é digno, não é humano que, milhares de criaturas se extorcem na ancia lancinante das drogas e violência cruéis, debatem-se no pélago asfixiante da miséria humana impiedosa, nós, que não somos feras, que por uma mercê paternal de Deus vemo-nos agasalhados e saciados – os filhos pequeninos e a esposa adorada - , não sintamos de horror estremecer o coração e não procuremos pressurosos atenuar o sofrimento desses infelizes, levando-lhes apenas falácias.
Brasileiros, secundemos, ou melhor, adiantemos os esforços administrativos; aprecemos-nos, e enquanto não chegam as providencias gerais; - as que vão procurar evitar para os futuros males que o presente impõe, - o óbolo delicado, fecundo que minore a rispidez da sorte dos desaventurados e lhes de alento e esperança para aguardar a vinda de novos e menos torturantes dias.
Não nos cabe criticar ou sequer conjecturar as medidas projetadas, pois nos falecem conhecimentos técnicos especiais: nosso fim é todo de animar a execução dessas medidas pressantes, urgentemente necessárias, para que não se diga ainda que, no século da informação, morre-se e morre-se centenas pelo Brasil, feraz e rico pelas drogas e violência.
O nosso fim é levantar o espírito de fraternidade e solidariedade e solidificar o elo, que deve ser forte e que liga os homens numa família única seja qual for o ponto da terra que os vio nascer.
O nosso fim é todo de amor: é pregar a caridade e fazer vivo, à luz da razão e do sentimento, o dever que cabe aos preferidos da fortuna de olhar para a alheia desventura e, sequer do que é supérfluo tenha, tirar o que é nimiamente necessário ao pobre desgraçado, derramando-lhe sobre o lar infeliz, como uma doce benção de luz e de
carinho, a afago que consola o corpo e a esperança que consola a alma.
Brasileiros unamo-nos na cruzada do bem e, aos contemporâneos, justiçando o nosso passado glorioso, e aos prósperos, desnudando os nossos corações sensíveis, provemos a alta e sublime função social e filantrópica, que nos congrega na vida para a felicidade e para o aperfeiçoamento das comunhões humanas.
Trabalhemos pela palavra, doutrinemos, evangelizemos pelas ações,-palavras e ações- que serão porvir as gemas preciosas e raras a nos decorar o diadema de virtudes que nos circundará a fonte; palavras e ações que serão na posteridade o nosso maior padrão de glória e o fanal deslumbrante e nos clarear o caminho condutor aos nossos mais santos, mais elevados e dignificadores ideais.



Cezar Souza
Recife; 19/04/2005

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