Esse post de hoje, trago uma triste matéria que retrata a nossa também triste realidade. Temos 38% de analfabetos funcionais no ensino universitário.
Temos aqui uma matéria da versão eletrônica do correio do povo, que mostra a realidade. Tivemos na década de 50, um boom da industria brasileira, nos anos 60/70 os "anos de chumbo", os anos 80 a década perdida, anos 90 a redemocratização e por fim o novo milênio com os novos analfabetos. A pergunta é, o que aconteceu conosco? E quando e como permitimos que a capacidade de pensar criticamente fosse esvaziada das nossas bancas escolares.
Quem tem mais de 40 anos vai saber o que foi o MOBRAL, para quem não tem explico: O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi um projeto do governo brasileiro, criado pela Lei n° 5.379, de 15 de dezembro de 1967, e propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando"conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida".
Criado e mantido pelo regime militar, durante anos, jovens e adultos frequentaram as aulas do MOBRAL, cujo objetivo era propocionar alfabetização e letramento a pessoas acima da idade escolar convencional.
Se um professor requisita em sua prova uma linha de pensamento, a nota da referida prova cai quase a zero, e se por ventura as palavras como "discorra; analise; diferencie, etc." é um caos, uma questão com três linhas e uma sentença interpretativa, pronto o mundo acabou.
Não falo aqui das letras "garranchadas", mas da ausência do início, meio e fim.
Descobri outro dia que, "Juiz de paz, é aquele que ajuda as pessoa a resolver os problema...", resposta em uma prova de direito de alunos do 2º ano.
Um Brasil que no exame nacional do ensino médio, tem as redações validadas com receitas de miojo ou hino do clube de futebol, recebe então do poder público a chancela para concorrer a uma vaga em uma universidade pública.
Alunos em plena pós-graduação, sem nenhum poder de argumentação, ou mesmo de leitura. Sabe aquela leitura que fazíamos, sem respiração, é sim, essa mesma de quando eramos crianças, geralmente depois do ditado, sim é essa mesma, pois é assim a leitura deles.
O Dr. Lenio Streck, na sua coluna do Conjur - Senso Incomum escreveu o seguinte: "[...] Pois se alguém achava que estávamos mal, acabaram-se os problemas: no ar, um novo produto — a facilitação na literatura. “Simplificações Tabajara”, a nova onda. Peguemos Shakespeare e o simplifiquemos. E vamos “orelhar” Machado de Assis. E assim por diante. A vida imita a arte. Ou a arte imita o direito? Os juristas chegaram antes. Mas foram alcançados pela gente da literatura. Bem feito. Só espero que isso não chegue na física e na química. Se chegar na medicina vou estocar comida ... Na psicologia já chegou, porque já vi Gestalt em resumos. [...]"
http://www.conjur.com.br/2014-mai-08/senso-incomum-direito-mastigado-literatura-facilitada-agora
Vamos refletir sobre a educação e sobre os nossos filhos e netos.
No Brasil, 38% dos universitários são analfabetos funcionais
Pesquisa aponta que estudantes não conseguem interpretar e associar informações
Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado nessa segunda-feira pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade. Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano, como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do desconto de um produto. O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo.
Aqueles que não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações. Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do ensino, pois o aumento da escolarização não foi suficiente para assegurar aos alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e escrita. "A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão de mais alunos nas escolas", diz. "Porém, o relatório mostra que já passou da hora de se investir em qualidade", afirma. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento foi bom, pois possibilitou a difusão da educação em vários estratos da sociedade. No entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do crescimento acelerado."Algumas universidades só pegam a nata e as outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de sobrevivência", comenta. "Se houvesse demanda por conteúdos mais sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma", fala. |
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=444534
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