Em fim chega o final de semana, a sexta-feira, que não é sexta-feira santa, mas é considerada como tal...Mas ela é chamada de sexta-feira "santa" por causa da "santa cerveja"; "santo happy hour"; "santo relax". Mas é na verdade um momento de ligeira fuga, de uma realizada vivência do estress da própria semana, que acabou. Muitos nem chegam as suas casas, saírem direto (go to) trabalho direto para a "balada";"farra" ou algum outro termo que o valha. Lá chegam e começam o processo de descarrego, folgam-se as gravatas, copos cheios de cervejas, reclamações sobre seus superiores quando subalternos, sobre seus subalternos quando superiores, os celulares ligando incansavelmente para as(os)esposas(os),mães, namoradas(os), na sua grande maioria com desculpas esfarrapadas, sobre a hora da chegada em casa, ou mesmo uma mentirinha leve, de onde se esta naquele exato momento ou mesmo com quem se esta naquele momento. Começam a contar as horas por outra medida, que não é mais a do tempo propriamente dita, mas sim, pela quantidade de doses ou caixas de cerveja deixadas ao lado da mesma. O que é extremamente engraçado, pela precisão da nova medida de tempo com o tempo propriamente dito. Uma mesa com quatro pessoas bebe aproximadamente 6 cervejas por hora ou meio litro de whisk, se acham que não bate, façam o teste, eu garanto que a medida de tempo funciona, mas apenas nas duas primeiras horas, depois só Deus sabe...
E chega o sábado de aleluia, ou sábado de "ai vem luz", quando os olhos, são expostos pelas cansadas pálpebras, a luz que entra pela fresta da janela, vem junto com uma fotofóbia semelhante as dos vampiros, com um único desejo quase que instintivamente, vai-se até a geladeira mais próxima, e agarra-se a garrafa d`agua, e bebe-se como se no deserto estive, vitimado por uma ressaca incomensurável. Nessa hora com um ultra-som pode-se ouvir um fígado gritando, "água por favor", os neurônios batendo uns nos outros, com aquela cor de cabeça, com um sino dentro dos ouvidos. Ai vem a primeira mentira: "nunca mais eu bebo", em seguida vem a segunda mentira:"aquela batatinha tava ruim...". Mas o moribundo uma vez recuperado, sai da sua letargia alcoólica, com um nelsadina no bucho, e recuperado fica a esperar a noite. "Saturday nitgh life", chega então às 22:00, toma-se aquele banho, coloca-se o perfume da caça, e pronto. Vai-se para o pointer da cidade, chegando lá, começam as procuras alucinadas por um companheiro, para apreciar o "caju amigo", caçar sozinho, é uma prática que não dá certo. Pega-se o companheiro de vida (celular), e o ritual começa de novo, mas agora para encontrar outros caçadores(as), e por por fim demarcar o terreno da caçada. E com a chegada dos pares, começam as articulações para a strategy da caçada. Olhares para demarcação do território, possíveis concorrentes, suas potencialidades e a possibilidade de sucesso, feito em questão de minutos. Uma vez acertado tudo, homens inflam os peitorais, mulheres as melhores cruzadas de pernas, e as caras e bocas, tomam conta do recinto. Tem-se início ao jogo da sedução, jogo sem vencedores.
Todos os(as) caçadores(as), estão atrás apenas, de nada, apenas colocar mais um número de celular na agenda, uma saidinha para um canto mais reservado, beijos frenéticos, e quem sabe uma possibilidade de sexo. Pronto as presas estão satisfeitas. O ritual da caça foi completo, ambos perderam as suas cabeças, que agora são troféus, nos celulares dos respectivos caçadores.
Isso se os amigos do "caju amigo" chegarem, se não, toma-se umas cervejas e vai-se para casa, com a frustração de : "não peguei nínguem." E lá vem o domingo da redenção ou criação. Começam as mentiras coletivas, "me dei bem, fiz isso e aquilo", tudo imaginário, fértil, e pífio.
chegam na praia, e não colocar os pés na água, ficam só nas cadeiras, e mais uma vez sorvendo-se cervejas gelas, e contando as aventuras da noitada. Tudo mentira.
E termina, o final de semana "santo do pau oco", repleto de pequenos grandes vazios, de uma busca, por algo, que não se sabe o que nem aonde esta, nem como se procurar isto. Mas pelo ao menos a ressaca da sexta, fica latente até a segunda-feira, e a síndrome de "garfield" é instalada. "EU ODEIO AS SEGUNDAS-FEIRAS". E Viva o caju amigo.