8 de jan. de 2017

O Brasil penitenciário


A penalidade moderna apresenta o seguinte paradoxo: pretende remediar com um "mais Estado" policial e penitenciário o "menos Estado" econômico e social que é a própria causa da escalada generalizada da insegurança objetiva e subjetiva em todos os países, tanto do Primeiro como do Segundo Mundo. Ela reafirma a onipotência do Leviatã no domínio restrito da manutenção da ordem pública - simbolizada pela luta contra a delinquência de rua no momento em que este se afirma e verifica-se incapaz de conter a decomposição do trabalho assalariado e de refrear a hipermobilidade do capital, as quais, capturando-a como tenazes, desestabilizam a sociedade inteira.

O problema do sistema prisional pernambucano e/ou brasileiro, não esta no capital humano, mas sim, no modelo adotado. A House of correction invensão inglesa do séc. XVIII, não difere em muito do que temos hoje no Brasil. E vou mais além, o modelo atual, pouco difere da nossa invenção do mesmo século, a SENZALA. Onde homens que em outrora foram livres, mais diante da sua situação, racial, social foram trancafiados nas piores condições possíveis. As nossas "lindas e belas" não recuperam, não socializam, não produzem condições mínimas de evolução daquele "cliente" do sistema. Sistema este voltado para os bestializados sociais, que por sua condição, social, racial, educacional e econômica, encontram-se um dia com a marginália e portanto passam a ser tratados como pessoas de 2ª ou 3ª classe e como tal, podem ser AMONTOADAS em pequenos cubículos e lá serem esquecidos pela sociedade e pelo Estado.

Temos um problema crônico, uma enorme bomba relógio prestes a explodir. Ps. Explodiu!
Lamentável.